Momentos mágicos.

Às vezes acontecem e pensamos que é para sempre,

de repente percebemos que tudo não passou de um sonho

foi apenas um momento mágico.

Fecho os olhos e relembro

Todos os detalhes, todas as palavras...

Fecho os olhos e sinto o cheiro, o gosto, o desejo.

Penso agora, acho que foi apenas um sonho,

que infelizmente acordei.

Fiquei apenas com os desejos...

dos momentos mágicos que imaginei.

Será que foi verdade?

Se foi quero largar tudo para vivê-lo.

Se não foi, viverei então só.

e sonharei para sempre com estes momentos...

Áurea Ruivo .

CRÔNICA DA LOUCURA



O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem
dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o
analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco
pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os
dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.

Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante
de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco
confesso, que estou adorando estar louco semanal.

O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar
observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha
terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de
espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão
dizer dali a pouco.

Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura. E eu, como
escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos
filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.

Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo,
criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a
atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo
Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão,
vejamos:

Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um crioulinho muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema
de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que
todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e
ensimesmados.

(2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista
como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de
vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não
conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba". Notei que o tênis estava
um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era
triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia
uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez
apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter
também uma arma lá dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no
sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.

(3 )E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também
pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que
tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno
manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas.
Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era
infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando
as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo
Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa.
Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas.
Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles.
Tingido.

(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha.
Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não
devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que
era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da
bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava.
Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos
filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e
dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha
mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse. Acabou o meu tempo.
Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.

Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera.

Ele ri, ..... ri muito, o meu psicanalista, e diz:

- O Ditinho é o nosso office-boy.

- O de terno preto é representante de um laboratório
multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as
novidades.

- E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.

- E você, não vai ter alta tão cedo...

Luis Fernando Veríssimo





CoiSaS Da ViDa – DESABAFO

Quando criança eu tive Legg-Calvé-Perthes... e o que é isso??
Legg-Calvé-Perthes:
A Doença de Legg-Calvé-Perthes é uma necrose avascular da epífise óssea da cabeça femoral, acometendo seu núcleo de ossificação. É uma doença auto-limitada e idiopática, atingindo mais o sexo masculino do que o feminino, numa relação de 5:1, apresentando-se na faixa etária de 4 a 9 anos. A causa da necrose total ou parcial da epífise óssea da cabeça femoral imatura permanece obscura. As possíveis causas propostas incluem o desequilíbrio endócrino, trauma, inflamação, nutrição inadequada e fatores genéticos. A teoria mais popular é a deficiência da irrigação arterial da epífise, com múltiplos episódios de áreas isquêmicas.
A doença de Legg-Calvé-Perthes é uma necrose avascular da epífise femoral em crescimento, de característica autolimitada e idiopática. De modo seqüencial observa-se necrose, reabsorção óssea, deposição de osso novo e finalmente remodelação até a maturidade. Os estágios de reabsorção e deposição ocorrem simultaneamente alterando a resistência mecânica do núcleo epifisiário tornando-o suscetível à deformidades. (Soni, Valenza e Schelle,2004).
INCIDÊNCIA

A incidência exata da doença é difícil de determinar, porque muitos casos não são diagnosticados (Tachdjian,1995). Sua incidência é de cinco meninos para uma menina. Existe uma predominância em crianças de raça branca, e, em 20% dos casos, há relação familiar. Pode afetar os dois lados em 20% dos pacientes. Existe predisposição em crianças nascidas com baixo peso, e a idade óssea é retardada em quase 90% dos casos. Tanto meninos como meninas têm uma tendência para baixa estatura (Hebert, 2004).
Segundo Weinstein e Buckwalter (2000) há um aumento na incidência da Doença de Legg-Calvé-Perthes em crianças nascidas depois de outros irmãos, particularmente da terceira a sexta criança, e em grupos sócio-econômicos mais desvalidos. Também há fatores raciais e étnicos intervenientes, sendo a doença mais comum em esquimós, japoneses e europeus centrais, e incomum em australianos nativos, polinésios, índios americanos e negros.
Para Tachdjian (1995) o início clínico da doença de Legg-Calvé-Perthes ocorre em uma faixa etária muito estreita, cerca de 80% dos pacientes estando entre 4 e 9 anos de idade, com uma média de 6 anos e uma extensão que vai de cerca de 2 anos de idade até 13 anos. A idade do início é mais precoce nas mulheres. Em cerca de 10% dos casos o envolvimento é bilateral.
(eu ganhei na mega sena... sou mulher e tenho nos dois lados)
ETIOLOGIA
A doença de Legg-Calvé-Perthes é produzida por avascularização da cabeça femoral. A razão para esta diminuição do suprimento sangüíneo da cabeça femoral, entretanto, ainda não foi determinada (Tachdjian,1995).
Para Soni, Valenza e Schelle (2004) a verdadeira causa da Doença de Legg-Calvé-Perthes permanece indefinida. Vários fatores foram apresentados na literatura como prováveis responsáveis deste episódio, tais como:
* Anormalidades de coagulação
* Alteração do fluxo sangüíneo arterial (infartos ósseos múltiplos)
Obstrução da drenagem venosa da epífise e colo femoral
* Trauma
* Desenvolvimento: crianças pequenas para a idade cronológica
* Hiper-reatividade da criança
* Influências genéticas
* Fatores nutricionais
Já para Hebert (2004) de todas as teorias (até agora não confirmadas) sobre a causa da doença, parece que a maior comprovação que se tem é quanto à relação com a isquemia do núcleo de ossificação da cabeça do fêmur e o hormônio do crescimento, tendo em vista a baixa estatura das crianças com a enfermidade.
QUADRO CLÍNICO
Para Hebert (2004) essa condição quase sempre se manifesta pela claudicação, às vezes com dor e limitação de movimentos do quadril. Freqüentemente pode ocorrer apenas dor indefinida na coxa e joelho. A mobilidade do quadril está limitada e associada a uma contratura muscular antálgica. Existe atrofia da coxa e panturrilha e, mais tarde, até diminuição do comprimento do membro inferior afetado pelo achatamento da cabeça, pela fusão da cartilagem de crescimento e pela falta de estímulo para o crescimento, provocado pelo repouso do membro inferior afetado.

Segundo Soni, Valenza e Schelle (2004) as principais características clínicas são:
* Sexo masculino quatro a cinco vezes mais freqüente. (Aff... eu tenho mesmo sendo mulher!!)
* Bilateralidade de 10 a 12%, geralmente em fases distintas de evolução. (também entro nesta estatística... ficar rica... isso eu não consigo rsrs)
* Sintomas de dor inguinal ou face anterior da coxa, ocasionalmente apresenta dor referida no joelho. (Realmente dói!)
* Sinais de claudicação e limitação da abdução e rotação interna de quadril.
A dor, quando presente, habitualmente está relacionada à atividade, e é aliviada pelo repouso. Em decorrência de sua natureza branda, na maioria das vezes os pacientes não dão atenção até semanas ou meses depois do início clínico da moléstia, podendo provocar um atraso no diagnóstico (Weinstein e Buckwalter, 2000).
ESTÁGIOS
A Doença de legg-calvé-perthes progride por meio de quatro estágios definidos: (1) condensação; (2) fragmentação; (3) reossificação; e (4) remodelamento. Durante a fase inicial, uma porção da cabeça femoral torna-se necrótica e o crescimento ósseo cessa. O osso necrótico é reabsorvido e fragmentado; nesse momento inicia-se a revascularização da cabeça femoral. Durante o segundo estágio, a cabeça femoral freqüentemente torna-se deformada e o acetábulo torna-se mais raso em resposta às deformidades da cabeça femoral. Com a revascularização, a cabeça femoral começa a se ossificar novamente. Quando a cabeça femoral cresce, ocorre o remodelamento da cabeça femoral e acetábulo. O estágio da doença no momento do diagnóstico, o sexo da criança e sua idade do início da doença terão impacto no resultado final e na congruência da articulação do quadril. (Tecklin, 2002).
Agora entenda....
Quando eu era criança meus pais me levaram no medico, mas se ainda hoje não é difundida a doença. Imagina antes... Todos médicos que eu fui até então me disseram que não era nada.... Acabei passando minha adolescência fazendo tudo que eu não poderia,,, pois só iria aumentar os desgastes cada vez mais... Só mais velha e com dores fui procurar saber o que realmente tinha... Só que quando eu realmente fui ver meu problema já era muito tarde.
Agora minha bacia e fêmur estão muito desgastados.... e pior.... eu nunca levei tão a serio todo o tratamento.... isso sempre me encheu o saco... estas historias de não pode isso ou aquilo... tanto que a última foi há três anos atrás....
Hoje depois de todos os exames sei que nunca mais terei uma vida normal, tenho muitas limitações e tenho de viver . Não posso operar e colocar prótese no momento, que é a única solução para meu caso.... tenho apenas que aumentar as cartilagens pra diminuir as dorees e ajudar a não desgastar mais os ossos.
Hoje estou sofrendo com uma osteoartrose que causa muitas dores e debilidades com as pernas, além de outros problemas.... todos sequelas de legg perthes.
O médico pede que tenha paciência e que tenho seguir tudo certo para poder amenizar o problema.
Tem hora que tenho vontade de mandar tudo à merda... e dessa vez acho que não fiz isso pois as dores são muitas e bem fortes. Realmente tenho sofrido com isso.... estou com muitas limitações e por isso estou tentando ter a paciência, pra poder voltar ao menos andar sem sentir dores....
Ter uma vida normal, já tenho consciência que nunca mais... infelizmente. Quero apenas voltar a rotina, poder passear, poder ser feliz!!
Áurea Ruivo.





Sou mulher,


Sou flor


Um lado bruxa


Um lado fada


O meu lado bruxa enfeitiça


Meu lado mulher atiça


Meu lado fada te conquista


No amor sou fada sou mulher


Mas sou bruxa que lhe encanta


Sou flor que nunca murcha


Sou mulher que simplesmente ama


Um lado fada, um lado bruxa.


Se estou triste


O meu lado fada acalma meu coração


Se apaixonada o meu lado bruxa


Usa o feitiço da sedução


Mas sou simplesmente mulher


Magia, amor e dedicação.**